O Ministério da Saúde divulga nesta terça-feira (17) o primeiro
boletim epidemiológico sobre microcefalia, cujo aumento do número de
casos no país tem sido monitorado e investigado pela pasta. Até o
momento, foram notificados 399 casos da doença em recém-nascidos de sete
estados da região Nordeste.
O maior número de casos foi registrado em Pernambuco (268), primeiro
estado a identificar aumento de microcefalia em sua região e que conta
com o acompanhamento de equipe do Ministério da Saúde desde o dia 22 de
outubro. Em seguida, estão os estados de Sergipe (44), Rio Grande do
Norte (39), Paraíba (21), Piauí (10), Ceará (9) e Bahia (8).
A investigação desses casos está sendo realizada pelo Ministério da
Saúde de forma integrada com as secretarias estaduais e municipais de
saúde, com o apoio de instituições nacionais e internacionais. Comitês
de especialistas apoiarão o Ministério da Saúde nas análises
epidemiológicas e laboratorial, bem como no acompanhamento dos casos.
Além deste apoio, nesta terça-feira (17), o Ministério da Saúde envia
a todas as secretarias estaduais de saúde orientações sobre o processo
de notificação, vigilância e assistência às gestantes e aos bebês
acometidos pela microcefalia. Essas informações serão constantemente
atualizadas.
Ainda não é possível ter certeza sobre a causa para o aumento de
microcefalia que tem sido registrado nos sete estados. Todas as
hipóteses estão sendo minuciosamente analisadas pelo Ministério da Saúde
e qualquer conclusão neste momento é precipitada. As análises não foram
finalizadas e, portanto, continuam em andamento.
A Fiocruz, que participa das investigações, notificou nesta
terça-feira (17) que o Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo
Cruz concluiu diagnósticos que constataram a presença do genoma do vírus
Zika em amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram
confirmados com microcefalia através de exames de ultrassonografia. O
material genético (RNA) do vírus foi detectado em amostras de líquido
amniótico, com o uso da técnica de RT-PCR em tempo real.
Apesar de ser um achado científico importante para o entendimento da
infecção por Zika vírus em humanos, os dados atuais não permitem
correlacionar inequivocamente, de forma causal, a infecção pelo Zika com
a microcefalia. Tal esclarecimento se dará por estudos coordenados pelo
Ministério e outras instituições envolvidas na investigação das causas
de microcefalia no país.
O Ministério da Saúde está tratando deste assunto com a prioridade e
responsabilidade que o tema exige, dando transparência aos dados e às
informações, com previsão de divulgação semanal do boletim
epidemiológico da doença.
Na semana passada, foi declarada Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional para dar maior agilidade às investigações. Trata-se
de um mecanismo previsto para casos de emergências em saúde pública que
demandem o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e
contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública.
Também está em funcionamento, desde o dia 10 de novembro, o Centro de
Operações de Emergência em Saúde (COES), um mecanismo de gestão de
crise que reúne as diversas áreas para responder a esse evento. O fato
já foi comunicado à Organização Mundial de Saúde e Organização
Pan-americana de Saúde, conforme os protocolos internacionais de
notificações de doenças.
Aos gestores e profissionais de saúde, o Ministério da Saúde orienta
que todos os casos de microcefalia sejam comunicados imediatamente por
meio de um formulário online que, a partir desta quarta-feira (18),
estará disponível a todas as secretarias de saúde.
Sobre as gestantes, é importante que elas mantenham o acompanhamento e
as consultas de pré-natal, com a realização de todos os exames
recomendados pelo médico. O Ministério da Saúde reforça ainda a
orientação de não consumirem bebidas alcoólicas ou qualquer outro tipo
de drogas, não utilizar medicamentos sem orientação médica e evitar
contato com pessoas com febre ou infecções.
É importante também que as gestantes adotem medidas que possam
reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença, com a
eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como
manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de
manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.
A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação
congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Na
atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as
autoridades de saúde. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico
(PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm. Esse
defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes
origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos),
como bactérias, vírus e radiação.
CASOS EM INVESTIGAÇÃO NOS SETE ESTADOS QUE TIVERAM AUMENTO INUSITADO DE MICROCEFALIA
ESTADO |
N° DE CASOS/2015 |
PERNAMBUCO |
268
|
SERGIPE |
44
|
RIO GRANDE DO NORTE |
39
|
PARAÍBA |
21
|
CEARÁ |
9
|
PIAUÍ |
10
|
BAHIA |
8
|
CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS NOS ANOS ANTERIORES NOS SETE ESTADOS
UF |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
Piauí |
1 |
0 |
4 |
4 |
6 |
Ceará |
8 |
4 |
9 |
5 |
7 |
Rio Grande do Norte |
2 |
2 |
4 |
0 |
1 |
Paraíba |
6 |
2 |
3 |
5 |
5 |
Pernambuco |
7 |
5 |
9 |
10 |
12 |
Sergipe |
3 |
1 |
2 |
0 |
2 |
Bahia |
12 |
13 |
7 |
14 |
7 |
CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS NOS ANOS ANTERIORES NO BRASIL
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
|
Brasil |
153 |
139 |
175 |
167 |
147 |