sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

15ª Conferência Nacional de Saúde: Regionalização da saúde é tema em debate em conferência

“Nós precisamos fazer um movimento de manter a descentralização do SUS com uma pactuação regional, em que a descentralização continue, mas que haja uma regionalização, distribuindo tarefas para que a cidade ‘A’ cumpra até determinado procedimento, a cidade ‘B’ faça além daqueles mais outros, e a cidade ‘C’ seja um polo regional onde será possível resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde dos usuários do SUS”.
Segundo Marcelo Castro, a regionalização da saúde é um ponto nevrálgico, sensível e importante da pactuação do SUS. “O SUS foi concebido de maneira descentralizada e hierarquizada, em que as ações são compartilhadas pelos três entes federados: a União, os estados e os municípios. Então, é imperiosa esta harmonia, esta sinergia entre os três entes federados”.
Metas e compromissos
Durante a mesa de abertura do evento, o ministro Marcelo Castro também falou sobre a ampliação da formação de novos médicos no Brasil, com meta traçada até 2017 de abertura de 11.500 novas vagas em cursos de Medicina e 12.400 novas vagas em residência médica.
Castro também lembrou que o Ministério da Saúde assumiu recentemente compromisso com a Organização Mundial de Saúde (OMS) de que o Brasil elimine a epidemia de Aids até 2030. Para chegar ao resultado deverão ser investidos R$ 1,6 bilhão.
“Somos responsáveis por fazer um SUS mais forte, mais universal, mais integral, mais igualitário, mais inclusivo”, afirmou o ministro. “E para isso é imperiosa a sinergia entre os três entes federados – União, Estados e municípios”, acrescentou.
A mesa de abertura da 15ª CNS teve também a participação do economista e pesquisador Márcio Porchmann, da Fundação Perseu Abramo – que em sua palestra chamou a atenção para os novos desafios do Brasil ante o envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida e as tecnologias que conectam todos por mais tempo ao trabalho, trazendo o surgimento de novas doenças -, e da Deputada Federal Jandira Feghali, que focou sua fala em democracia, direitos, igualdade de acesso e respeito às diferenças.
Ao longo desta quarta-feira os quase 5 mil participantes da 15ª CNS – usuários do SUS, gestores, prestadores de serviço, trabalhadores da Saúde, representantes da sociedade civil organizada –, se reúnem em seis diálogos temáticos e oito grupos de trabalho para debater as mais de mil propostas resultantes das etapas municipal e estadual de discussões, que começaram em abril e mobilizaram mais de um milhão de pessoas em todo o país. Plenárias e agenda cultural também integram a programação, que vai até sexta-feira (04).
Paridade - A 15ª Conferência Nacional de Saúde ocorre a cada quatro anos e é o maior evento do país na área da Saúde, coordenado pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Saúde. Uma das novidades este ano é a paridade de gênero na etapa nacional: as mulheres representam metade dos delegados escolhidos na fase estadual.
O Conselho Nacional de Saúde também estabeleceu para esta conferência a paridade de segmentos - 50% de usuários, 25% de trabalhadores e 25% de gestores/prestadores. O objetivo foi garantir, entre os delegados, a presença de mais mulheres, idosos, jovens, população negra, LGBT, indígena, comunidades tradicionais, representatividade rural e urbana, pessoas com deficiências, patologias e necessidades especiais.
Eixos temáticos - São oito os eixos temáticos que norteiam os debates: “Direito à saúde, garantia de acesso e atenção de qualidade”; “Participação e controle social”; “Valorização do trabalho e da educação em saúde”; “Financiamento do SUS e relacionamento público-privado”; “Gestão do SUS e modelos de atenção à saúde”; “Informação, educação e política de comunicação do SUS”, “Ciência, tecnologia e inovação no SUS” e “Reformas democráticas e populares do Estado”.
Avanços - Evento criado em 1937, as conferências nacionais de saúde têm desempenhado importante papel nos avanços alcançados pela saúde pública brasileira. As bases para a criação do SUS foram estabelecidas na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, e depois consolidadas na Constituição Federal de 1988. Importantes estratégias de saúde pública do país, como SAMU, Rede Cegonha e programa Saúde da Família tiveram suas sementes lançadas em conferências nacionais, que ocorrem a cada quatro anos. Este ano o tema é “Saúde pública para cuidar bem das pessoas: direito do povo brasileiro”.

Fonte:  Ministério da Saúde

Nova Lei da Biodiversidade brasileira é tema de palestra

entenda-o-que-muda-com-a-nova-lei-de-biodiversidadeA nova legislação de acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado e repartição de benefícios foi tema de palestra na segunda-feira (30/11), no auditório do Museu da Vida, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. Assessora da Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência (VPPLR) da Fiocruz e ex-membro do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Manuela da Silva apresentou as principais novidades introduzidas pela chamada Nova Lei da Biodiversidade e suas consequências para a pesquisa científica brasileira, para as empresas de biotecnologia e para os detentores de conhecimento tradicional no país.
Publicada em 21 de maio de 2015, a Lei 13.123 entrou em vigor no dia 17 de novembro, mas a sua regulamentação só está prevista para março de 2016. Apesar de o decreto que regulamenta a lei ainda não estar pronto, a nova legislação é considerada um marco na área de pesquisa do país. A nova Lei da Biodiversidade substitui a Medida Provisória 2186/2001 e segue alinhada com os padrões internacionais, definidos pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), tratado das Organizações das Nações Unidas (ONU) de 1993.

De acordo com Manuela da Silva, a nova legislação servirá para desburocratizar e estimular a pesquisa científica no país.
“A burocratização das atividades de pesquisa, bioprospecção e desenvolvimento tecnológico da legislação anterior fez com que muitos pesquisadores deixassem de estudar e utilizar a biodiversidade brasileira. Consequentemente, deixamos de conhecer nossa biodiversidade para podermos conservá-la, fazer o uso sustentável dela e repartir seus benefícios, que são os três pilares da Convenção sobre Diversidade Biológica”, afirmou a assessora da VPPLR.
O novo marco legal estabelecido pela Lei 13.12/15 ratifica o Conselho de Gestão ao Patrimônio (CGen) como órgão responsável por coordenar a elaboração e a implementação de políticas para a gestão do acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado e da repartição de benefícios. Diferentemente da legislação anterior, a nova lei alcança todas as pesquisas, experimentais ou teóricas, realizadas com a biodiversidade brasileira, como, por exemplo, taxonomia, filogenia e epidemiologia. Outra novidade é o parágrafo que inclui os micro-organismos isolados no país como parte do patrimônio genético brasileiro.
Para facilitar o trabalho dos pesquisadores, a nova lei também prevê a implementação de sistemas eletrônicos e banco de dados para cadastro, notificação e autorização de acesso ou remessa de patrimônio genético. No caso de remessa para o exterior, o Termo de Transferência de Material (TTM) será gerado automaticamente pelo cadastro de remessa, com os dados obtidos do cadastro de acesso ao patrimônio genético e do próprio cadastro de remessa, atendendo também as exigências de transporte do Ibama
O sistema eletrônico será regulamentado pelo decreto preparado pelo governo. Atualmente, o processo de regulamentação da Lei 13.12/15 está sendo conduzido pela Casa Civil da Presidência da República. De acordo com a orientação do Ministério do Meio Ambiente, todos os procedimentos que dependem do novo cadastro devem aguardar o decreto.
“Recentemente, nós fomos informados que a minuta do decreto está sendo elaborada novamente, com a participação de vários setores do governo. O material será disponibilizado para consulta pública, provavelmente em fevereiro. A previsão de publicação é março”, disse Manuela, que orientou os pesquisadores a tirarem as suas dúvidas pelo email do Conselho de Gestão ao Patrimônio (CGen): cgen@mma.gov.br.
Fonte: César Guerra Chevrand/Ministério da Saúde